Fracassos sucessivos no amor
- Flora Dominguez
- 13 de mar. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 16 de mar. de 2022
Era uma sexta-feira quando conheci Fernando aquele que eu permiti invadir meus sentimentos mais sinceros, fomos apresentados por Lucas um amigo em comum. Quando apertei sua mão um frio percorreu minha espinha e senti a sensação que aquele homem mudaria a minha vida, eu sempre fui daquelas mulheres que dá ouvido a sua intuição, mas não quis ouvi-la e comecei uma amizade com aquele homem aparentemente interessante, eu me perguntava o que fazia um homem daquele estar sozinho, mal sabia eu que ele era uma bomba atômica, que num simples toque explodiria minha vida em pedaços, em várias direções. Nos tornamos amigos ele falava dos problemas, dos pensamentos, os sentimentos, e eu ali como uma boa menina ouvindo e aconselhando, no fundo eu não entendia o porquê de dar tanta atenção para um homem que ficava o tempo todo só falando de si mesmo e seus relacionamentos problemáticos com mulheres que saíram em fuga por não aguentar a relação doentia na qual elas tinham vivido ao lado dele. Fernando era um homem interessante foi assim que minha mente reproduziu para mim naquele instante, me levava para jantar quase todos os dias, éramos só amigos até apresentei para ele uma amiga minha, mas ela saiu em retirada, ela havia me falado que ele tinha algo estranho, mas que não sabia o que era eu havia visto o mesmo, entretanto não quis aceitar que aquele homem estava sozinho, só vinha em minha mente que todas as mulheres que haviam passado por sua vida eram loucas de abandoná-lo e com o acréscimo de traí-lo. Num sábado fomos a uma boate eu estava linda e meus olhos já fascinados por aquele homem o achou tremendamente irresistível, amarga ilusão, tínhamos bebido bastante e o beijo rolou e quando abri os olhos estava no apartamento dele deitada em sua cama e com ele ao meu lado, levei um susto e ele disse: - Calma Flora, eu nem toquei em você apenas dormimos juntos, fiquei encantada com aquela atitude, mal sabia o que me esperava nesse longo caminho, e ele se tornou minha meta, meus dias, minhas noites, minha vida, meu mundo se chamava Fernando, todas as minhas conversas era ele, eu entendia sua melancolia, seu mau humor, sua indiferença em relação a sua mãe adotiva e sua revolta por ter sido abandonado pela mãe biológica ainda bebê. Eu era perfeita pra ele, era amiga, terapeuta em horário integral, era sua tábua de salvação e ainda não havia notado, deixei passar todos os sinais que indicavam perigo.
Muitas de suas características me irritavam, comportamentos de grosseria com as pessoas, sua autoridade exagerada, com seu controle sobre tudo que eu fazia. Eu achava que era questão de tempo que as pessoas merecem uma chance, realmente eu estava dando chances dele tomar minha vida e controlar como ele queria, achava que assim estava ajudando ele a confiar em mim. Fui ingênua, boazinha, compreensiva? Não, fui apenas uma mulher que por causa de seu histórico de relações mal sucedidas amou desesperadamente errado e colocou em alto grau de risco meu bem-estar emocional, minha saúde, minha segurança física, minhas filhas, minha família, meus valores... Eu achava que amando assim estava certa, me vi sozinha numa relação doente e não enxergava a saída, apenas o enxergava e o simples fato de pensar em deixá-lo fazia meu coração se partir em vários pedaços... Essa dependência nos faz ser o tempo inteiro bombas relógios, tocou explodiu, contrariou agride, não fazem o que queremos nos sentimos desafiadas, uma gota de água às vezes é o bastante para fazermos uma tempestade com direito a raios, furacões e quando voltamos a razão vemos o quanto nos destruímos com tanto desamor por nós mesmas. A vida de quem ama demais é complicada demais senão tiver alguém quem ajude, somos capazes dos maiores escândalos, das maiores manipulações, de nos rebaixar mendigando um pouco de carinho e atenção, amor nem lembramos o que é isso não percebemos que nos deixamos pelo caminho em nome de uma forma errada de amar. Tentamos controlar tudo, pegamos no pé, construímos cenas em nossas mentes que às vezes nem existem, nos perguntamos o tempo todo: Porque ele não me ama? Na verdade nem temos coragem de ouvir essa resposta, pode ser duro demais encarar a verdade que muitas vezes sufocamos porque temos uma dependência afetiva. É fácil sermos conselheiras dos outros e quando precisamos de conselhos saímos correndo, só aceitamos quando enxergamos que a situação está insustentável esse é o nosso erro deixar para fazer tudo quando esta prestes a explodir, será crítico demais para nós e para quem estiver ao nosso lado suportando tudo que fazemos. Quantas noites passei sem dormir por querer controlar tudo demais, marido, filhos e até amizades, ninguém suporta viver perto de pessoas que querem ser donas da verdade o tempo inteiro, essa é a verdade que tive que encarar com a dor. Se nesse momento você se encontra desesperada, chorando, querendo morrer saiba que passei por isso também, se seus relacionamentos têm históricos de fracassos sucessivos eu direi que foi assim minha vida durante 39 anos. É fácil? Não mentirei, não é fácil. Mas é muito pior viver na omissão e na inércia de viver uma vida dessas. Você verá muitas vezes descrita em minha história e verá onde amar demais nos leva. Leia, medite, repense sua vida e renasça.
Texto extraído do livro: A mulher que amou demais - capítulo 1 - Autora: Flora Dominguez -
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