Mentalidade de Rebanho
- Flora Dominguez
- 1 de nov. de 2022
- 5 min de leitura
A mentalidade de rebanho é um termo usado para descrever o comportamento de seguir a maioria. É uma forma de pensar que leva as pessoas a fazer o que todos os outros estão fazendo, sem questionar ou pensar por si mesmas. Muitas vezes, as pessoas seguem o rebanho porque é mais fácil do que ter suas próprias opiniões e ideais. É mais fácil ir com o fluxo do que lutar contra ele. No entanto, isso pode levar às pessoas tomar decisões erradas ou não questionar o status quo. A mentalidade de rebanho também pode ser perigosa porque leva as pessoas a serem manipuladas facilmente. Se alguém sabe como usar essa mentalidade para seus próprios fins, eles podem convencer as massas a fazer qualquer coisa, mesmo coisas que vão contra seus melhores interesses. No final, a mentalidade de rebanho é uma forma perigosa de pensar que leva as pessoas a serem manipuladas facilmente e tomar decisões erradas. Se você quer evitar cair nessa armadilha, tente pensar por si mesmo e questionar o status quo.
A história da mentalidade de rebanho
O psicólogo social francês Gustav Le Bon cunhou o termo mentalidade de rebanho no final do século XIX, para descrever o modo como as pessoas se comportam em grupo. Segundo ele, as pessoas tendem a perder sua individualidade quando estão em um grupo, e passam a agir de forma irracional e emotiva. Le Bon acreditava que este tipo de comportamento era particularmente evidente durante os momentos de turbulência social, como guerras e revoluções. Ele argumentou que as massas eram facilmente manipuladas pelos líderes políticos e religiosos, que usavam a mentalidade de rebanho para obter o controle do povo. Hitler foi famoso por usar a propaganda para convencer as pessoas a segui-lo, mesmo diante de suas atrocidades. Ele criou um forte senso de lealdade entre os seguidores e uma ideologia que era extremamente atraente para muitos na Alemanha. A propaganda permitiu que Hitler influenciasse massivamente o comportamento das pessoas e fomentasse um sentimento nacionalista intenso. Apesar de todas as suas atrocidades, ele conseguiu ganhar o apoio de muitos alemães e liderou o país durante anos.
A Segunda Guerra Mundial foi um divisor de águas para a compreensão do comportamento humano. Antes da guerra, acreditava-se que as pessoas eram movidas pelos mesmos instintos básicos que regem o mundo animal. No entanto, durante a guerra, vimos exemplos de manipulação e coerção que mostraram que os seres humanos são capazes de agir de forma deliberada para influenciar o comportamento dos outros. Isso levou os especialistas a repensar o modo como as pessoas interagem uns com os outros e abriu novas possibilidades para o estudo do comportamento social. Desde então, tem sido cada vez mais reconhecido que as pessoas podem usar o comportamento de manada para manipular deliberadamente outras pessoas.
“E, finalmente, os grupos nunca tiveram sede de verdade. Exigem ilusões e não podem prescindir delas. Eles constantemente dão precedência ao que é irreal sobre o que é real; eles são quase tão fortemente influenciados pelo que é falso quanto pelo que é verdadeiro. Eles têm uma tendência evidente de não distinguir entre os dois.”
Sigmund Freud
Exemplos de mentalidade de rebanho
1) Na década de 1950, o psicólogo Solomon Asch conduziu um experimento para testar se a maioria das pessoas daria uma resposta falsa a uma pergunta para evitar contradizer as outras pessoas na sala. O experimento era composto por um grupo de sujeitos que respondiam individualmente às mesmas perguntas. Algumas das perguntas eram fáceis de responder, enquanto outras eram mais difíceis. Em alguns casos, todos os sujeitos respondiam corretamente, mas em outros casos a maioria respondia incorretamente. Os resultados mostraram que as pessoas tendiam a concordar com a maioria, mesmo quando estavam errado.
“É bastante fácil fazer surgir sentimentos na alma das multidões, mas é dificílimo refreá-los. Desenvolvendo-se, convertem-se em forças que não é possível dominar.”
Gustave Le Bon
2) Os historiadores usam a mentalidade rebanho para explicar de que ela levou uma cidade inteira a condenar pessoas inocentes de associação demoníaca sem nenhuma evidência real para apoiá-la. Os julgamentos das bruxas de Salem ocorreram entre fevereiro e março de 1692, no condado de Essex, no Massachusetts. As acusações foram feitas contra 19 pessoas, sendo que 17 delas foram enforcadas e uma foi queimada na fogueira. Esses julgamentos se tornaram um dos principais exemplos do fanatismo religioso e da caça às bruxas nos Estados Unidos. Uma série de acontecimentos inexplicáveis levou à suspeita de que algum tipo de demônio estava atormentando a cidade. Sem nenhuma prova concreta para apoiá-los, os líderes religiosos começaram a culpar as mulheres mais jovens e menos influentes da comunidade - aquelas que eram mais propensas a serem excluídas ou rejeitadas pelos demais. Em breve, toda a cidade estava envolvida na histeria coletiva, e várias pessoas foram presas sob acusações falsas de bruxaria. Muitos dessas pessoas foram torturados até confessarem crimes que nunca cometerem; outros foram simplesmente mortos porque ninguém poderia provar sua inocência. No final, foi necessária intervenção militar para parar a loucura - mas já era tarde demais para salvar as vidas de centenas de inocentes. A ideia foi vendida e todo mundo seguiu o exemplo, sem pensar duas vezes.
“As ideias que arrastam os povos não passam, geralmente, de ilusórios fantasmas; todavia, quando estes fantasmas contendem, devastam o mundo e cavam abismos de ruínas e de desolação.”
Gustave Le Bon
A pressão social para conformidade é uma força poderosa que pode levar as pessoas a se comportarem de maneiras que elas normalmente não fariam. Isso pode ser particularmente verdadeiro para aqueles que são mais influenciáveis por outros, ou aqueles que têm um senso fraco de si mesmos. Quando as pessoas se sentem inseguras ou ansiosas, podem buscar a aceitação do grupo e seguir suas tendências, por mais absurdas que possam parecer. Em cada um desses casos, o indivíduo adota uma opinião baseada no que outras pessoas dizem e fazem sem se preocupar em considerar as evidências por si mesmas. Essa é a principal razão pela qual as pessoas acabam adotando opiniões erradas: elas não examinam cuidadosamente as evidências e preferem confiar na opinião alheia.
“Muitas pessoas são dotadas de razão, muito poucas de bom senso.”
Gustave Le Bon
A razão é uma qualidade humana inata, o bom senso é um dom que nem todos possuem. Ela nos permite pensar, analisar as situações com clareza, nos ajuda a tomar decisões lógicas e racionais. Mas nem sempre isso é o suficiente para sermos felizes e ter uma vida plena. Para isso, precisamos do bom senso. O bom senso é a capacidade de enxergar além das evidências imediatas e entender as consequências de nossos atos. Ele nos faz questionar nossos paradigmas e preconceitos, nos mostra novos caminhos para seguir e nos ajuda a lidar com as adversidades da melhor maneira possível. É um dom precioso, que nem todos têm."
Flora e Celso

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