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Mulheres que amam demais

Atualizado: 19 de abr. de 2022

No meu mundo doente somente ele existia, meu ex marido era minha luz e minha escuridão. Dei permissão para que ele entrasse em minha vida, invadisse minha alma, meus dias e noites, meus sentimentos e meu "eu"me sentia possuída por essa forma de amar sofrida e sem limites.


Vivi por muitos anos a margem de mim mesma, me deixava no meio do caminho por qualquer vestígio de carinho e amor. Passei parte de minha vida moldando parceiros e achando que eles poderiam me salvar de mim mesma.


Amor para mim era uma necessidade e nunca foi escolha. Toda vez que meus relacionamentos terminavam eu já começava um novo relacionamento, essa era a forma que eu achava de tapar o enorme vazio que existia dentro de mim.


Saía de um relacionamento e me jogava em outro de cabeça, não me importava quem era. Sentia uma extrema necessidade de alguém ao meu lado. Minha trajetória foi muito sofrida e humilhante, fiquei um bom tempo sem conseguir me reconhecer como mulher.


Minha dependência emocional me fez chegar ao fundo do poço e me levou por caminhos de homens desequilibrados e sem personalidade. Enxergava em psicopatas, sociopatas e narcistas, príncipes que precisavam ser desencantados por mim.


Todos eles faziam questão de me provar que não era importante. Quando isso acontecia minha força era roubada, minha alegria sequestrada e meu eu dilacerado.


No meu último relacionamento dependente emocionalmente não tinha mais controle da pessoa que havia me tornado. Ele me chamava de "bonequinha dengosa", eu achava o máximo. Realmente havia me tornado um objeto e não havia dado conta, somente na minha recuperação da dependência que enxerguei que fui tratada como um brinquedo.


Fazia tudo para o relacionamento dar certo, na verdade fazia coisas que não podia para vê-lo feliz. No entanto, nunca nada estava bom. A dependência me resumiu a nada e com certeza ele viu que eu era uma mulher desesperada para ter alguém, solitária, trabalhava bastante, brigona, bonita e vazia de mim mesma.


Ele era um gigolô que se aproveitava de mulheres e eu era apenas mais uma. Como ele dizia: "Eu as vejo como fãs". Um dia numa discussão ele me perguntou: "Onde está aquela mulher linda que me conquistou?". Eu estava cinquenta e dois quilos acima do meu peso devido a tanta pressão psicológica que ele fazia para decepar minha parte sexual. Num impulso de fúria fui na cozinha peguei uma faca e respondi: "Você terminou de assassiná-la, agora é minha vez de fazer o mesmo com você ".


Nesse dia por milésimos de segundos por pouco não o esfaqueei. Minha filha mais nova estava no apartamento e presenciou tudo o que aconteceu infelizmente. Quando meu pai chegou ao AP ele não acreditou que eu havia esfaqueado uma porta mais de trinta vezes consecutivas.


A mesma doença que me levou para o fundo do poço, foi a mesma que me fez decidir que sozinha não conseguiria mudar minha vida. Resolvi encarar uma recuperação e com muito esforço e luta me recuperei de uma forma doente de amar.


Essa caminhada rumo a recuperação não é fácil, se você pensa que irá conseguir milagre em cápsulas irá se decepcionar. A jornada é difícil, mas você nunca mais será a mesma pessoa. Aquela pessoa descontrolada deu passagem para uma pessoa calma e serena.

Minha atitude mais corajosa foi aprender a me conhecer e com certeza você pode fazer o mesmo.


Dar poder a alguém ou algo para dominá-lo e dominar sua mente é uma forma sutil de suicídio psicológico. Walter Riso.

Essa frase desse autor maravilhoso nos adverte sobre a futilidade de dar a alguém poder completo sobre nossa vida. Não pensar, não fazer nada sem a aprovação do outro. Nada mais é do que uma forma de dependência emocional e de deixar de lado a própria responsabilidade por si mesmo.


Com amor

Flora Dominguez


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©2022 por Flora Dominguez

e Celso Araújo

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