top of page
Post: Blog2_Post

O Vazio Emocional por Trás do Excesso de Compras

O excesso de compras, sob a ótica psicanalítica, pode ser compreendido como uma manifestação de conflitos internos profundos que o indivíduo tenta compensar através do consumo. Sigmund Freud, ao explorar os mecanismos inconscientes, introduziu conceitos como a busca pela gratificação e o uso de defesas para lidar com ansiedades e frustrações. Nesse sentido, o ato compulsivo de comprar pode ser interpretado como uma tentativa de preencher lacunas emocionais ou conflitos que estão fora da consciência.


A compra excessiva muitas vezes está ligada ao desejo inconsciente de obter prazer imediato, uma forma de satisfazer impulsos reprimidos. Na fase oral, uma das fases do desenvolvimento psicossexual descritas por Freud, o bebê busca gratificação através da boca, seja pela alimentação ou pelo ato de chupar, e essa experiência está diretamente associada ao prazer e à sensação de segurança. Se essa fase não for bem resolvida, pode surgir no adulto um comportamento compulsivo relacionado à busca por satisfação externa, como o ato de comprar, que funciona como um substituto inconsciente para suprir uma sensação de carência ou vazio.


Além disso, a psicanálise destaca o conceito de fetichismo da mercadoria, introduzido por Karl Marx e explorado posteriormente por teóricos psicanalíticos. Nessa perspectiva, os objetos comprados não possuem apenas um valor utilitário, mas são carregados de significados inconscientes. O indivíduo atribui aos bens materiais um poder simbólico de suprir suas necessidades emocionais, buscando neles um valor emocional que não encontra em suas relações ou em si mesmo.


O ato de comprar em excesso pode ser também uma tentativa de evitar o confronto com sentimentos dolorosos, como a angústia, a solidão ou a insatisfação pessoal. Ao se engajar compulsivamente no consumo, o indivíduo utiliza a compra como uma defesa contra o vazio existencial ou a falta de sentido na vida. No entanto, essa satisfação é apenas temporária e, rapidamente, a necessidade de comprar retorna, reforçando o ciclo de dependência.


Na terapia psicanalítica, o tratamento da compulsão por compras visa explorar o que está sendo simbolicamente buscado através desse comportamento. Ao investigar os desejos inconscientes e os mecanismos de defesa que sustentam o ato compulsivo, o paciente pode ganhar uma maior compreensão de suas emoções reprimidas e desenvolver formas mais saudáveis de lidar com seus conflitos internos, sem precisar recorrer ao consumo excessivo como forma de compensação. Isso possibilita a construção de uma relação mais equilibrada com o desejo e a satisfação pessoal.


Texto escrito pelo Psicanalista Celso Araújo


  • Facebook
  • Instagram

©2022 por Flora Dominguez

e Celso Araújo

bottom of page