O veneno disfarçado de amor
- Flora Dominguez
- 23 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Amores tóxicos não chegam com alarde. Eles não entram na sua vida como uma tempestade anunciada, com raios e trovões que te avisam para correr. Não. Eles chegam devagar, como uma brisa leve, sussurrando promessas doces, preenchendo vazios que talvez você nem soubesse que tinha.
No início, tudo parece certo. O amor, tão esperado, tão desejado, aparece cheio de promessas, olhares intensos e palavras que fazem o coração disparar. Mas, aos poucos, o que parecia ser acolhimento começa a apertar. O que parecia cuidado vira controle. O que parecia paixão se transforma em sufoco. E, quase sem perceber, você começa a perder pequenos pedaços de si mesma.
Amores tóxicos não surgem do nada, eles se constroem nas sutilezas. É aquele comentário que te faz duvidar de si, aquele gesto que te diminui sem que você perceba de imediato. É o ciúme que vem disfarçado de preocupação, o isolamento que parece ser por amor, quando, na verdade, é uma prisão emocional.
E o pior é que, em muitos momentos, você tenta justificar. Tenta convencer a si mesma de que é só uma fase, que ele é assim porque te ama demais, que talvez você esteja exagerando. O amor tóxico te ensina a duvidar de sua própria realidade, a achar que o problema é você, e não a relação. Te faz acreditar que precisa ser mais, ou menos, que precisa mudar, se moldar, se encaixar em um espaço que só existe na cabeça dele.
Mas o amor, o verdadeiro, não sufoca, não prende, não te faz questionar seu valor. O verdadeiro amor expande, acolhe, te faz sentir maior, e não menor. Ele não exige que você diminua sua luz para caber no espaço dele. Um amor saudável não é feito de silêncios dolorosos, de palavras que ferem, de desculpas que nunca vêm. Um amor saudável é aquele que te permite ser inteira, sem medo de não ser suficiente.
Amores tóxicos são como venenos que se acumulam aos poucos, quase invisíveis, até que você já não consegue mais respirar sem sentir o peso deles. E, quando você percebe, já está tão imersa nessa relação que sair parece impossível. Mas é exatamente nesse ponto que você descobre sua força. Porque, por mais que a toxina tenha se infiltrado, o amor próprio sempre pode florescer novamente.
Reconhecer que o amor pode ser tóxico é o primeiro passo para se libertar. É entender que amar alguém nunca deve significar perder a si mesma. Porque, no final das contas, o amor que verdadeiramente importa é aquele que começa dentro de você e esse, ninguém pode tirar.
Texto escrito pela Psicanalista Flora Dominguez ❤️

Comentarios