top of page
Post: Blog2_Post

Talvez Agora Seguir em Frente Seja a Melhor Solução

Talvez agora seguir em frente seja a melhor solução. Não por um desejo superficial de fuga, mas pela necessidade de confrontar a realidade nua e crua de que a vida é transitória. Em algum momento, todos enfrentamos a dura tarefa de nos despedirmos de partes de nós mesmos — sonhos desfeitos, amores que se esvaíram, ou mesmo a imagem idealizada de quem achávamos que seríamos. A resistência a seguir em frente é natural, mas, como já testemunhei inúmeras vezes, também é uma das maiores fontes de sofrimento humano.


A vida nos desafia a lidar com a impermanência. Não há como escapar desse fato. No entanto, a grande questão não é como evitar as perdas, mas como nos relacionamos com elas. É fácil nos agarrarmos ao passado, como se ele pudesse oferecer algum tipo de segurança. Mas esse apego, em sua essência, é um engano. O passado não é uma âncora; é uma corrente. E enquanto nos recusamos a soltá-la, permanecemos presos, incapazes de nos mover em direção ao que está por vir.


Talvez seguir em frente não seja algo que você "faça". Talvez seja algo que você permita acontecer. Pense na sua dor como uma neblina. No início, ela é espessa, impenetrável, mas, com o tempo, ela se dissipa, ainda que lentamente. Não porque você a empurra, mas porque você permanece em movimento.

Seguir em frente não significa apagar memórias ou suprimir a dor. Pelo contrário, é permitir que elas coexistam conosco, mas sem nos definir completamente. A aceitação não é um ato de resignação. É um ato de liberdade. Aceitamos o que não podemos mudar para que possamos nos libertar do peso de lutar contra o inevitável.

Eu sempre me surpreendo com a força que emerge quando as pessoas decidem enfrentar suas perdas de frente. A dor se torna menos ameaçadora quando permitimos que ela exista, quando olhamos para ela sem medo e dizemos: "Eu vejo você. Você faz parte de mim, mas você não é tudo o que sou." É nesse espaço de reconhecimento que encontramos a possibilidade de crescimento, a chance de transformar o que antes parecia insuportável em algo que nos enriquece.


Há também algo profundamente humano no ato de seguir em frente. É uma declaração de fé na vida, na capacidade de encontrar beleza mesmo em meio à imperfeição e à transitoriedade. Não é uma negação da dor, mas uma escolha consciente de não permitir que ela obscureça o que ainda podemos viver. Ao seguir em frente, não negamos o passado; honramos a vida que continua.


Talvez não se trate de esquecer ou de apagar... Talvez seja sobre aprender a caminhar com isso.

E talvez, no fim das contas, seguir em frente não seja um destino, mas um processo contínuo. Não é um ponto de chegada, mas uma maneira de viver. É aprender a caminhar lado a lado com nossas perdas, sem permitir que elas nos paralisem. É reconhecer que, mesmo carregando cicatrizes, ainda somos capazes de experimentar momentos de alegria, conexão e significado.


Assim, talvez agora seguir em frente não seja apenas a melhor solução, mas a única solução. Não porque seja fácil, mas porque é o que nos mantém vivos, plenamente engajados no mistério e na complexidade da existência. E, afinal, o que mais poderíamos pedir?


Texto escrito pela Psicanalista Clinica Flora Dominguez



Comentarios


  • Facebook
  • Instagram

©2022 por Flora Dominguez

e Celso Araújo

bottom of page